Apesar de fazermos restrições à forma como é conduzida administrativamente, reconhecemos que a Igreja Católica é uma das mais importantes instituições do mundo espiritual e a mais influente. Respeitamos a doutrinação espiritual, da Igreja Romana, sua mensagem de paz universal e a busca de seguir os ensinamentos de Jesus, contido na Bíblia.
Não nos conformar, porém, o lado político, esse de poder extra-humano, exercido pela cúpula da Igreja, quase acima do bem e do mal.
Foi inspirado nesse poder descabido, que o italiano João Maria Mastai Ferretti, o Papa Pio IX, através da bula papal "Pastor Aeternus" tornar o Papa infalível. Segundo a teologia católica essa prerrogativa é exercida quando o Papa, como sucessor de Pedro, pronuncia- se, manifesta-se, opina, "ex- cathedra", ou seja, investido do da autoridade Papal, em matéria de fé e moral.
É verdade que as acusações do “The New York Times”, apontam contra Joseph Ratzinger, quando ainda não era Bento 16, portanto sem a infalibilidade, embora já tivesse a responsabilidade de mandar investigar e punir os religiosos que transgredissem contra o Código Canônico.
Mas não precisava ser tão falível. Ratzinger não respeitou a moralidade, a dignidade humana, os incapazes e os indefesos, quando deu guarida ao padre americano Lawrence Murphy, que abusou durante anos de 200 meninos surdos em Wisconsin (EUA), apesar de advertido e informado insistentemente pelo arcebispo de Milwaukee, Rembert Weakland.
Federico Lombardi, porta-voz da Santa Sé, explicou recentemente que o Vaticano decidiu não castigar Murphy porque “Padre Murphy era idoso e tinha saúde debilitada”.
Na quinta-feira (25) algumas vítimas do padre Murphy protestaram contra o papa a poucos metros da Praça de São Pedro, em território italiano.
"Bento 16, como chefe da congregação, ignorou diversos pedidos de três bispos para expulsar do clero o abusador em série Lawrence Murphy", dizia um dos cartazes. Os manifestantes foram presos pela polícia quando falavam com jornalistas. Mais tarde foram libertados.
Não tardou e mais abusos maciços de crianças surdas-mudas, isso precisa ser estudado sociológica e psicologicamente, submergiram, tendo como cenário a Itália, debaixo das barbas papais: entre 1955 e 1984 (por quase 30 anos) nos Institutos Antonio Provolo de Verona (Itália), vários educadores religiosos dessa instituição de caridade católica para crianças com problemas auditivos abusaram de dezenas de vítimas, meninos e meninas, todas surdos-mudos.
Trata-se do escândalo mais grave de pederastia clerical conhecido na Itália, e já havia sido revelado há um ano pela revista "L'Espresso", que documentou dezenas de sevícias, algumas delas cometidas inclusive sob o altar e no confessionário. A denúncia foi assinada por 67 ex-alunos, embora se acredite que as vítimas possam ser muito mais.
Os abusados citaram 25 padres e religiosos como supostos pedófilos: 13 deles ainda vivem e sete continuam alojados no instituto.
Segundo "L'Espresso", nenhum dos acusados foi afastado ainda do centro escolar, frequentado por centenas de crianças e jovens. O único expediente de expulsão foi aberto contra um padre que relatou à revista os abusos que havia cometido.
Mas o escândalo não tem fim, desde o início de 2010, pelo menos 300 pessoas acusaram padres católicos da Alemanha de abuso sexual ou físico.
Entre as acusações, está o abuso de mais de 170 crianças por padres em escolas jesuítas, além de casos dentro de um coral de meninos, "Regensburger Domspatzen", ou Pardais da Catedral de Regensburg, dirigido durante 30 anos pelo monsenhor Georg Ratzinger,
irmão do papa.
Em março, o padre Peter Hullermann, que foi condenado por molestar crianças quando servia na Arquidiocese de Munique e Freising, foi suspenso de suas funções após violar uma proibição de trabalhar com menores.
No último dia 22, a diocese de Regensburg confirmou novas acusações contra quatro padres e
duas freiras, em casos que teriam ocorrido nos anos 70.
O problema alastrou-se pelo mundo, no ano passado, dois documentos que examinaram acusações de pedofilia entre clérigos irlandeses relevaram a profundidade do problema no país, com casos de abuso, acobertamentos e falhas hierárquicas envolvendo milhares de vítimas durante várias décadas.
Um dos documentos mostrou que quatro arcebispos de Dublin fizeram vista grossa para casos de abuso ocorridos entre 1975 e 2004.
Quatro bispos renunciaram e toda a hierarquia da Igreja irlandesa foi convocada ao Vaticano para depor pessoalmente diante do papa Bento 16.
Em meio a isso, um novo escândalo veio à tona neste mês de março com a informação de que o chefe da Igreja Católica Irlandesa, cardeal Sean Brady, estava presente em reuniões realizadas em 1975, quando crianças fizeram um voto de silêncio sobre reclamações contra um padre pedófilo, Brendan Smyth.
Ainda neste mês de março, bispos da Holanda pediram uma investigação independente diante de mais de 200 acusações de abuso sexual de crianças por padres, além de três casos ocorridos entre 1950 e 1970.
Inicialmente, as acusações envolviam a escola do mosteiro de Don Rua, no leste da Holanda.
Mas a divulgação do escândalo fez surgir dezenas de novas alegações de supostas vítimas em outras instituições do país.
- Papa, este padre continua molestando-me
- Pobre criança, venha, eu vou te proteger |
Em Salzburgo, Suiça, o chefe de um mosteiro local renunciou ao cargo após confessar ter abusado de um menino há 40 anos, quando ele era monge.
Uma comissão formada pela Conferência dos Bispos da Suíça em 2002 vem investigando acusações de abuso envolvendo religiosos do país.
Este mês, um membro da comissão, o abade Martin Werlen, disse em uma entrevista que cerca de 60 pessoas fizeram acusações sobre casos que teriam ocorrido nos últimos 15 anos.
Um padre do cantão de Thurgau foi preso sob suspeita de abuso sexual de menores.
Foto: El Pais
O Papa João Paulo II abençoa o seu amigo o padre pedófilo, Marcial Maciel, um grande pecador e criminoso
O escândalo sexual da Igreja Católica, na mesma proporção e pelos mesmos motivos, chegou até ao então intocável
Karol Wojtyła, João Paulo II: O jornal espanhol El Pais, afirma que o Papa falecido, ainda não foi beatificado devido à amizade e proteção que concedeu ao padre Marcial Maciel, fundador da ordem dos “Legionários de Cristo”.
Maciel o líder de um dos mais bem-sucedidos movimentos do novo catolicismo não foi só um notório pederasta e viciado em drogas. Também teve filhos -pelo menos quatro, talvez seis- com várias mulheres, e impôs a toda a organização um quarto voto de silêncio para se proteger de denúncias. Um de seus antigos colaboradores o acusa inclusive de ter envenenado seu tio-avô, o bispo Guízar, que apoiou a bem-sucedida carreira eclesiástica do ambicioso sobrinho no convulso México dos anos 1930.
João Paulo II, recebeu centenas de denúncias, sobre os desvios do padre Maciel. O pontífice as desprezou. Maciel era um de seus preferidos. Enchia praças e estádios de futebol nas viagens do líder católico pelo mundo.
Alberto Dines no seu
Observatório da Imprensa comenta:
É preciso lembrar que Maciel não era apenas um pecador (na linguagem religiosa), criminoso (em termos jurídicos) ou um tarado (em linguagem corrente) – era um militante político de extrema importância. A ordem dos Legionários de Cristo (fundada em 1941) era o braço armado da direita católica. Prosperou durante a longa ditadura franquista na Espanha e expandiu-se no Novo Mundo apoiada por uma igreja identificada com o que havia de mais conservador no espectro político.
Foto:Associated Press
Maciel foi punido a ter uma vida "uma vida reservada de oração e penitência, renunciando a qualquer forma de ministério público", até morrer em 2008, em Huston, nos EUA, com 90anos
Além do clamor dolorido das vítimas, que puseram a boca no mundo pela benevolência de Bento 16, agora entravam em cena auto proclamados filhos e mulheres de Maciel, reclamando atenção e direitos.
Maciel não só teve aventuras amorosas, como em Madri vivia uma filha sua, com nome, sobrenome e um número concreto em luxuosos apartamentos na Calle de Los Madroños. A garota, já madura -a mãe morreu há anos-, chama-se Norma Hilda e fez um pacto de silêncio em troca de uma pensão vitalícia. Sabe-se também que Norma Hilda, cursou sua carreira na Universidade Francisco de Vitoria em Madri, propriedade da Legião.
Quem selou o acordo e cuidou de que a rocambolesca história acabasse aí foi o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, nos primeiros dias de fevereiro do ano passado. O dinheiro não foi obstáculo. Há décadas que em ambientes hostis o grupo de Maciel é conhecido com ironia como os Milionários de Cristo.
Animado pelo sucesso do engano maquinado em Madri, Bento 16 tomou outra decisão com a esperança de abafar o escândalo. Ordenou que a investigação se estendesse a toda a organização. O que não se poderia prever seria a enxurrada de notícias sobre a vida secreta de Maciel, agora sem controle possível. Para culminar, um advogado mexicano de prestígio, José Bonilla, ganhou uma ação contra a Igreja para uma das vítimas do padre Maciel, submetido a abusos sexuais aos 3 anos em um colégio dos legionários.
Foto: Captado CNN - Espanhol O advogado José Bonilla, que representa os filhos do padre Macel Maciel, e um dos seus clientes o herdeiro do padre o jovem José Raúl Gonzales Lara
O advogado Bonilla, agora representa três dos autoproclamados filhos de Maciel, com nomes próprios e em busca de reconhecimento legal e indenizações. Trata-se de três homens, irmãos, de nacionalidade mexicana. O advogado afirma que Maciel teria outros três filhos, incluindo a espanhola Norma Hilda. Outro filho viveria em Londres, e uma sexta filha morreu em um acidente de trânsito quando ia apanhar seu pai em um aeroporto de Paris.
Os bispos visitadores que estão há quase um ano investigando as instituições e colégios dos Legionários de Cristo e do Regnum Christi não revelam suas averiguações, foram convocados a Roma para apresentar a Bento 16 um primeiro relatório.
José Martínez de Velasco, redator-chefe da agência de notícias afirma as primeiras denúncias sobre abusos sexuais em escolas da Legião chegaram ao Vaticano na década de 1950, durante o pontificado de Pio 12, também paternal protetor do padre mexicano.
Desde a dissolução dos jesuítas, em 1773, por Clemente 14, forçado pelos reis da França, Espanha, Portugal e das duas Sicílias - por motivos de poder, portanto -, a Igreja Católica não havia enfrentado um caso igual.
A sujeira envolvendo violência sexual contra crianças, algumas delas surdas-mudas, por infindáveis anos, em várias partes do planeta, sob a proteção silenciosa e cúmplice, de alguns Papas, parece atingir a Igreja Católica no seu âmago.
O pior é que Bento 16, ele mesmo acusado de não ter atuado com diligência quando comandava a Congregação para a Doutrina da Fé, não parece hábil o suficiente para soerguer a Igreja secular que foi fundada por um discípulo de Jesus, o pescador Pedro, o primeiro Bispo de Roma, reconhecido como o primeiro Papa da Igreja Católica. Espera-se uma intervenção Divina, para salvar o Catolicismo, se é que Deus, envergonhado não tenha abandonado a Igreja Romana.
Foto: Getty Images
Domingo de Páscoa, no balcão da Igreja de São Pedro, o Papa Bento 16 abençoa os fiéis. Como acreditar na pregação de um homem que protegeu pedófilos?