Muito
antes do surgimento das festas natalinas, os romanos já comemoravam,
nos últimos dias de dezembro, uma festa chamada
Saturnália, cujas características foram incorporadas e permanecem
vivas até os nossos dias.
Era comum durante a Saturnália,
enfeitarem-se árvores, principalmente pinheiros, com máscaras de
deuses de sua mitologia e adornos cintilantes,
tradição esta que hoje traduzimos em nossas árvores de natal,
apesar da diferença de
apetrechos.
O presépio, por sua vez, foi
criação de São Francisco de Assis, com o intuito de mostrar aos
cristãos o ambiente humilde onde Jesus nasceu. Conforme informa a
História, São Francisco construiu seu primeiro presépio na cidade
de Greccio, na Itália, no ano de 1224, e o expôs à meia noite
daquele ano, coincidindo com o horário do nascimento de Cristo.
Logo após, rezou uma missa, ritual este que
repetiu nos anos seguintes. Durante essas missas, realizadas na
madrugada, era comum ouvirem-se galos cantando, o que fez com que,
alguns anos depois, aquela celebração ficasse
conhecida como a “Missa do Galo”.
Estas são apenas algumas das
curiosidades e tradições que envolvem as nossas festas natalinas
que, infelizmente, ano após ano vêm perdendo suas características
mais preeminentes. Nenhum termo teve maior desvirtuamento de seu
significado nos últimos anos como o Natal.
O
que deveria ser a comemoração do nascimento de Cristo, com a
congregação das famílias em aliança com suas próprias raízes,
solidificando os princípios da humanidade, deu lugar a disputas
comerciais as mais diversas, ditando-nos desde o que devemos ter à
mesa durante a ceia, até o que e a quem devemos presentear. Ainda
bem que as exceções, aqui e acolá, desnudam o espírito de natal
que transborda em alguns, fluxos inesgotáveis de sensibilidade
inerente aos dezembros.
Para
uns poucos, entre os quais me incluo, o termo FESTAS perde muito de
seu significado, notadamente quando o Natal é saudade; quando é
lembrança dos entes queridos que se foram; quando o estourar dos
champanhes anunciam o silêncio da ausência; quando os fogos de
artifício iluminam os erros mal escondidos na consciência.
De
tudo, porém, há algo em que acredito piamente e não aceito teses
contrárias: no Papai Noel. Acredito porque sou testemunha de suas
passagens pela rua Jaime Benévolo, o qual dedicava uma especial
atenção à casa de número 1285. Eu podia ouvir seus passos e
sussurros e o barulho estalante do papel de presente que embrulhava
algum brinquedo quando o empurrava para baixo da minha cama. Entre
uma rápida piscada de olhos e outra, quase dava para ver a
identidade do Papai Noel, que não era tão velhinho e sempre estava
acompanhado de alguém que julgo fosse a Mamãe Noel. Como a
escuridão era total, não podia detalhar os seus trajes, mas sabia
que por baixo dele havia a indumentária de um bancário que não
poupava sacrifícios para que seus filhos tivessem a melhor educação
possível, sem necessariamente deixarem de construir e acreditar em
seus próprios sonhos. O meu Papai Noel era tão bom, que não
condicionava a entrega dos presentes aos resultados escolares ou a
qualquer outra coisa, deixando revelar que o prazer de presentear era
igual ou maior ao de ser presenteado.
Hoje
sei que todos somos Papais Noéis, porque temos a indisfarçável
obrigação de fazermos alguém feliz, mesmo que por algumas horas.
Não estamos imunes ao vírus do espírito natalino que nos contamina
de serenidade, sensibilidade, humildade e dos princípios mais
comezinhos de humanidade.
Que
venha essa noite onde todos somos iguais. Que venha, pois, mais um
Natal, mais um hora de sonhos, uma outra oportunidade de
reconciliação com o passado e planejamento do futuro. Que a neve
imaginária abrande a fornalha dos problemas cotidianos. Façamos de
nossas famílias e amigos o nosso próprio presépio, nossa harmonia
num mundo que ainda irá se chamar ESPERANÇA.
FELIZ
NATAL !